Quinta da Regaleira - Sintra
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Obrigado pelo vosso artigo.
A Quinta da Regaleira é
um local muito especial, lindo e envolvente. O ano passado fui com a
minha família visitar e adoramos. É simplesmente, um espaço de sonho e
fantasia com lagos, criptas, natureza, palácio, misticismo, religião,
maçonaria, arte, enfim uma visita a não perder.
Situada em pleno Centro Histórico de Sintra,
classificado Património Mundial pela UNESCO, a Quinta da Regaleira é um
lugar fascinante.
As suas origens remontam ao início do século
XVII. A documentação histórica relativa à Quinta da Regaleira é escassa
para os tempos anteriores à sua compra por Carvalho Monteiro.
Sabe-se todavia que, em 1697, José Leite
adquiriu uma vasta propriedade no termo da vila de Sintra que
corresponderia, aproximadamente, ao terreno que hoje integra a dita
Quinta - a esta data parecem remontar, pois, as origens da quinta em
questão.
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Francisco Alberto Guimarães de Castro
comprou a propriedade - conhecida como Quinta da Torre ou do Castro - em
1715, em hasta pública e, após as licenças necessárias, canalizou a
água da serra a fim de alimentar uma fonte ai existente.
Em 1800, a quinta é cedida a João António
Lopes Fernandes estando logo, em 1830, na posse de Manuel Bernardo, data
em que tomou a designação que actualmente possui. Em 1840, a Quinta da
Regaleira foi adquirida pela filha de uma grande negociante do Porto,
Allen, que mais tarde foi agraciada com o título de Baronesa da
Regaleira. Data provavelmente deste período a construção de uma casa de
campo que é visível em algumas representações iconográficas de finais do
século XIX.
A história da quinta da Regaleira actual principia, todavia, em
1892, ano em que os barões da Regaleira vendem a propriedade ao Dr.
António Augusto Carvalho Monteiro (o Monteiro dos Milhões). Carvalho
Monteiro, com a ajuda do arquitecto-cenógrafo italiano Luigi Manini, faz
dela, no princípio do século XX, um reflexo do seu sentido de
patriotismo, edificando um palacete em estilo neo-manuelino.
A imaginação destas duas personalidades
invulgares concebeu, por um lado, o somatório revivalista das mais
variadas correntes artísticas - com particular destaque para o gótico, o
manuelino e a renascença - e, por outro, a glorificação da história
nacional influenciada pelas tradições míticas e esotéricas. Envolvido
por uma vegetação luxuriante, o palácio da regaleira é uma descoberta
fascinante.
É um dos mais marcantes exemplos de
arquitectura revivalista no país, privilegiando o neomanuelino e com
influências camonianas. É célebre por em muitos dos seus elementos
arquitectónicos, ter sinais de ritos e concepções maçónicas.
Logo no começo da visita percorremos o
Patamar dos Deuses,
terraço onde estátuas de vários seres divinos estão alinhadas ao longo
do caminho. Aqui encontramos doze figuras da mitologia greco-romana que
devem ser interpretadas como as doze Hierarquias Criadoras,
representadas nos signos do Zodíaco assim como a estátua de um leão (que
data já da época em que a Quinta era pertença da Baronesa da
Regaleira), que é uma representação do sol que equivale na Alquimia ao
Ouro.
Próxima paragem obrigatória a Capela da Santissima Trindade,
nela estão representados Santa Teresa d'Ávila e Santo António. No meio,
a encimar a entrada está representado o Mistério da Anunciação - o anjo
Gabriel desce à terra para dizer a Maria que ela vai ter um filho do
Senhor - e Deus Pai entronizado. Na Capela econtra-se a imagem do
Delta-radiante (ou Delta-Teúrgico), com o olho de Deus sobreposto à cruz
templária, emblema maçónico do Grande Olho Arquitecto do Universo.
Um pouco mais à frente encontramos a
Gruta de Leda.
Esta tem no seu interior uma escultura simbolicamente enigmática, a
figura de uma dama segurando uma pomba e acompanhada de um cisne (que
parece estar a mordê-la). Trata-se da representação de uma mortal por
quem Zeus se apaixona, e na impossibilidade de existir uma relação entre
ambos, este assume a forma de um belo cisne para assim se aproximar da
sedutora mulher.
Um dos locais mais emblemátiocs da quinta é sem sombra de dúvida
o Poço Iniciático,
invocando a aventura dos Cavaleiros Templários, ou os ideais dos
mestres da Maçonaria. Trata-se de uma galeria subterrânea em espiral, de
27 metros, por onde se descem nove patamares até às profundezas da
terra. Este é o caminho por onde se desce à terra, ou num percurso
contrário, se sobe ao céu, consoante a natureza do percurso iniciático
escolhido. Os nove patamares lembram os nove círculos do Inferno, as
nove secções do Purgatório e os nove céus do Paraíso, segundo a Divina
Comédia de Dante. A principal ideia por detrás deste poço é a de morrer e
voltar a nascer num rito de iniciação ligado à terra, uma vez que esta é
o útero materno de onde provem a vida, mas também a sepultura para onde
voltará.
No fundo poço iniciático, com os pés
assentes numa estrela de oito pontas, o símbolo heráldico de Carvalho
Monteiro e símbolo da harmonia e também da Cavalaria Espiritual na
Maçonaria escocesa, é como se estivéssemos imersos no ventre da
Terra-Mãe.
Somos depois conduzidos através das trevas das grutas labirínticas,
até ganharmos a luz, reflectida em lagos surpreendentes, no meio dos jardins.
A vida surge bela e plena de vitalidade.
Depois de sair do labirinto encontra-se a
Torre que se
assemelha a um observatório astronómico, o que não deixa de ser
interessante por se contrapor ao mundo subterrâneo (visto que uma das
saídas do Poço Iniciático nos leva à torre). Foi, não esta mas uma
semelhante que deu inicialmente o nome à Quinta.
É extremamente revigorante fazer um passeio pelos seus encantadores e exóticos jardins.
Cada recanto do jardim foi projectado com extrema minúcia, embora muitas vezes não o pareça.
O visitante começa por ver canteiros de
flores variadas, plantados de forma regular e sistemática, mas, à medida
que avança no jardim, ele vai tomando formas diferentes; a vegetação
vai ficando mais densa, adquire uma forma selvagem e confunde-se com a
Natureza no seu estado original, o que demonstra a sua inspiração
romântica.
E finalmente uma visita ao Palácio dos
Milhões, verdadeira mansão filosofal de inspiração alquímica. É o
edifício principal da quinta e é marcado pela presença de uma torre
octogonal, um cruzamento de arquitectura manuelina, renascentista,
gótica e romântica, sendo de uma beleza extraordinária, e de um
simbolismo incrível.
Fica aqui uma visita virtual por este famoso
espaço esotérico de Portugal, comentada pelo ex-Grão Mestre da
Maçonaria Regular, José Manuel Anes.
A Quinta da Regaleira é um lugar de
mistério, com alma própria, ela encerra muitos segredos, pois está
repleta de símbolos mitológicos e esotéricos, estátuas de deuses, poços
iniciáticos, jardins, grutas e todo um mundo aberto a múltiplas
descobertas e interpretações. É uma viagem no tempo incrível.
Vá visitar, Vale a pena!
Fontes: "www.visitportugal.com"; "www.cm-sintra.pt";
"www.maconaria.net"; "www.regaleira.pt"; "wikipedia"; outros e visita
local.
Fotos: Olhares, Net geral e pessoais.